Relações familiares tóxicas: como identificar?
- 14 de dezembro de 2020
- 16:43
- Luana Queiroz
Os efeitos das relações tóxicas nos relacionamentos amorosos, como brigas constantes, trocas de ofensas e abalo da autoestima, já têm sido bem difundidos e mostram o desequilíbrio entre casais e certo domínio de um dos parceiros.
Mas o que muita gente não sabe é que esse tipo de comportamento nocivo também pode acontecer em um ambiente mais próximo e que está presente em toda a vida: o familiar. As relações familiares tóxicas existem e tornam o convívio uma obrigação árdua, sem prazer e que pode trazer mazelas profundas.
Mas como identificar relações familiares tóxicas? E como lidar com essa situação?
Como reconhecer uma relação tóxica familiar?
A convivência familiar, naturalmente, é composta de altos e baixos e possui momentos menos harmônicos. Contudo, quando essa dinâmica e proximidade afetiva e física afeta demais alguma das partes é um sinal de que pode haver toxicidade nessa relação.
Pequenos embates entre interesses individuais diante do coletivo acontecem. O que não é natural é quando esses conflitos são constantes e estão acompanhados de sentimentos como desconforto, inferiorização, descrença e humilhação.
Por mais que pareça até óbvio não aceitar atitudes que gerem essas sensações, é muito comum que as pessoas sejam mais tolerantes a atitudes tóxicas quando elas são recebidas de familiares, muito pela confiança que se tem nesses indivíduos.
Para identificar se você está em uma relação tóxica dentro da sua família, é preciso ficar atenta a alguns sinais.
Algumas características das relações familiares tóxicas:
Rótulos
É muito comum, nas discussões diárias, alguns adjetivos serem atribuídos a pessoas próximas, como “mau”, “ruim”, “bobo”. Entretanto, essas atribuições podem ter efeitos a longo prazo, principalmente quando ouvidas desde criança. O que acontece é que a pessoa assimila e toma para si o rótulo, acreditando que se trata de uma característica pessoal. E isso tem um nome: Efeito Pigmalião, quando um rótulo dado pode se tornar realidade para a pessoa que o recebe.
Super proteção
Cuidar e proteger são tarefas e sentimentos que costumam permear as relações familiares, contudo, há um limite para se manter um convívio saudável. O excesso de proteção pode dificultar o amadurecimento e a construção da autoconfiança, tornando, consequentemente, o indivíduo emocionalmente dependente.
Narcisismo e manipulação
Em algumas famílias, pode haver um membro com um perfil narcisista e manipulador, que gera situações de desrespeito e descontrole, além de possuir baixa tolerância. É comum, nesse cenário, que familiares não se sintam respeitados e fiquem com baixa autoestima.
Troca de papéis
Outro comportamento que pode ser muito tóxico é quando os pais são imaturos e os filhos precisam cuidar deles. Neste caso, é comum que os filhos assumam responsabilidades de adultos muito cedo e percam parte importante da fase que deveriam estar vivendo.
Projeção
Outra característica muito nociva nas relações familiares é quando sentimentos, como desejos e inseguranças, são projetados em outras pessoas. Os filhos não podem servir como ferramentas para corrigir os erros e anseios do passado dos pais, por exemplo. Essa atitude pode restringir o desenvolvimento da personalidade e comprometer a autoestima, dificultando a escolha do próprio caminho.
Como se libertar de relações tóxicas na família?
Embora cada família e suas dinâmicas sejam únicas, algumas atitudes podem ajudar quem está buscando como sair de uma relação tóxica na família:
- Busque ajuda profissional para respaldar nesse processo.
- Imponha limites, entendendo que você não precisa da aprovação da família para as suas decisões.
- Não tente mudar uma pessoa tóxica e priorize o seu bem-estar.
- Evite os conflitos constantes para não nutrir essa dinâmica.
- Se relacione com pessoas que fazem você se sentir bem.
- E, se for preciso, corte os laços com quem te faz mal.
O mais importante, depois de compreender que você está em uma relação tóxica com algum familiar, é priorizar a sua saúde mental e buscar meios para impor os seus limites e romper o ciclo vicioso de agressões psicológicas.