Palmiteiro: saiba o que esse termo quer dizer
- 4 de maio de 2021
- 12:23
- Thauany Lima
Você pode até negar, mas, inconscientemente, é preconceituoso – isso cientificamente dizendo. O racismo é um fenômeno tão socialmente natural que passa despercebido quase sempre. De acordo com estudiosos, isso acontece devido à parte do nosso cérebro que programa julgamentos e decisões rápidas partindo de pressupostos, como conversas antigas, noticiários, aulas, novelas, familiares, entre outros.
Essa determinação automática do cérebro é conhecida na psicologia social como “viés inconsciente”, mecanismo responsável por acharmos, por exmeplo, pessoas negras menos bonitas, por temermos um negro de capuz na rua, ou simplesmente por naturalizarmos o papel do negro em lugares mais humildes ou subempregos.
O racismo estrutural é uma herança da escravidão brasileira, que inferiorizou e desumanizou a população afro-descendente e que “açoita” até hoje os descendentes dessa etnia. Por isso, ser palmiteiro pode estar além de um gosto pessoal.
O seu gosto é construído socialmente, você sabia?
É delicado falar sobre gosto, porque todo mundo acredita que tem um gosto singular quando, na verdade, foi moldado e ensinado desde sempre sobre o que é um “bom gosto” e um “mau-gosto”.
Gostar de alguém com o nariz afilado, com a pele branca, olhos claros e com os cabelos lisos cheios de movimento não é seu gosto, acredite!
O Brasil foi colonizado por europeus e por suas ideias eugenistas, coordenadas pelo governo D. Pedro I que estimulou a imigração de brancos para o Brasil, baseado-se em uma “supremacia branca”.
Então, quando você tem uma preferência similar a de europeus, está apenas reproduzindo inconscientemente o preconceito racial que nos foi transmitido desde o período da colonização.
Mas afinal, o que é palmiteiro?
A resposta para o conceito de palmitar é simples de ser respondida, basta olharmos o gosto popular. Vale também analisar a quantidade de mulheres negras em união NÃO ESTÁVEL no Brasil, somando 52,52% de acordo com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, as mulheres negras são a maioria na maternidade independente e no “celibato definitivo”, o que ilustra nitidamente o porquê do perfil homem palmiteiro ainda existir.
Ser palmiteiro é ser homem negro que prefere se relacionar com mulheres brancas, na ilusão – ou não – de estar seguindo um gosto próprio.
Ser mulher preta no Brasil é ser duplamente oprimida, tanto pelo machismo, quanto pelo racismo. O homem negro também sofre com o racismo estrutural, porém, está livre dos grandes reflexos do machismo – já que é o principal praticante.
Para exemplificar como essa hierarquia funciona, existe uma pirâmide social imaginária que separa os oprimidos dos privilegiados, sendo ela:
A mulher negra está no nível mais baixo da pirâmide, sendo a mais afetada e discriminada, o que explica a sua imagem causar estranhamento nas lideranças das empresas, regiões mais ricas da cidade, como parceira de homens ricos e renomados, ou como maioria nas salas das universidades.
A solidão da mulher negra é uma das consequências da palmitagem e do racismo estrutural, colocando as pretas em situações de inferioridade, criando estereótipos sobre seus corpos e as marginalizando.