Não tenha medo da candidíase, ela é normal!

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  • Talitha Benjamin
 A imagem ilustra duas mãos femininas, de pele clara, partindo uma mexerica ao meio (fazendo uma alusão a vagina e a candidíase feminina)

Quando falamos de saúde íntima, esbarra-se em diversos tabus, resistências e até mesmo mitos que podem ser prejudiciais. Por essa razão, ainda é necessário desmistificar diversas condições da anatomia, e uma delas é a candidíase. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope e encomendada pela farmacêutica Bayer, 52% das pessoas brasileiras com vagina já tiveram candidíase ao menos uma vez na vida, ao passo que 75% delas ainda terão a doença.

Ao olhar para esses dados, a primeira reação é a preocupação, no entanto, a candidíase é uma condição normal do corpo, e a sua prevenção e tratamento são simples, mas precisam ser acompanhadas para não evoluírem e causar desconfortos – e também para não serem confundidas com outras doenças mais graves. A solução? Além do acompanhamento médico, conhecer exatamente como a candidíase se manifesta e observar o corpo.

O que é a candidíase feminina?

A candidíase (conhecida popularmente como “cândida”), é uma infecção causada pelo fungo Candida albicans. Este micro-organismo já costuma estar presente no organismo, sem causar dano nenhum. No entanto, em situações de desequilíbrio, podem se multiplicar e, assim, causar infecções em diversas partes do corpo, inclusive nos homens.

No caso da candidíase feminina (nome que a ciência e a medicina atribuem à candidíase que acomete a vagina), a infecção é mais frequente devido ao desequilíbrio da flora bacteriana da região. Isso pode acontecer por diversos motivos, que variam desde o tecido utilizado na roupa íntima até a imunidade baixa ou estresse. No entanto, por ser uma condição causada muito por conta da imunidade baixa, também pode ocorrer em pessoas com pênis e em outras partes do corpo que não os órgãos genitais, e também em crianças (o “sapinho”, por exemplo, é causado pelo mesmo fungo).

O que causa candidíase vaginal?

Ao contrário do que se pensa, a candidíase não está associada com IST’s (infecções sexualmente transmissíveis), e nem com a falta de higiene na região. Isso são mitos que, por muitas vezes, causam constrangimento e impedem que as pessoas procurem orientação médica. Na realidade, por se tratar do crescimento descontrolado de um fungo que já pertence à população de bactérias necessárias para o funcionamento do sistema reprodutor feminino, a candidíase pode ser causada por diversos aspectos:

  • Desequilíbrio do pH da região vaginal;
  • Usar roupas muito apertadas, de material sintético, biquíni ou maiô molhados por muito tempo;
  • Estresse;
  • Imunidade baixa;
  • Má alimentação;
  • Transar sem camisinha (apesar de não ser considerada uma IST, não usar preservativo pode causar desequilíbrio da flora vaginal).

Fique atenta: quais são os sintomas da candidíase?

A melhor forma de tratar a candidíase é estar atenta aos sinais do corpo: os sintomas podem ser leves, medianos ou graves, causando grande desconforto, dor e sensibilidade. Veja alguns sintomas que podem ser sinais de infecção fúngica:

  • Ardor, coceira e inchaço da região genital (podendo ser leves, médias ou graves, causando dor e desconforto severos)
  • Vermelhidão ou fissuras (comumente confundidas com assaduras).
  • Corrimento esbranquiçado, podendo ou não ter odor forte.
  • Presença de dor ou ardor durante as relações sexuais ou ao urinar.

A recomendação é que, observado qualquer um dos sintomas acima, seja realizada uma consulta ginecológica para a realização de exames que vão ser capazes de indicar a condição.

Sem vergonha e sem tabu: como tratar e prevenir a candidíase?

a imagem mostra duas peças pequenas de cerâmica (uma preta e putra marrom), em formato da vulva feminina, em cima de uma mesa e uma mão feminina manipulando elas

Sim, a candidíase é normal, mas não é por isso que o acompanhamento médico é desnecessário. Quando se trata da saúde íntima, muita gente ainda negligencia as idas ao médico e os exames de prevenção: de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com o Datafolha, mais de 26 milhões de brasileiras não estão com sua saúde ginecológica em dia – 11% delas não vão ao médico por vergonha, enquanto 4 milhões de pessoas com vagina acima de 16 anos nunca foram ao ginecologista e, em média, 16,2 milhões não vão ao médico há mais de um ano.

Esses dados são alarmantes e representam um problema grave de saúde pública. O problema é que os sintomas da candidíase são parecidos com condições mais graves, como a clamídia ou o HPV, ambas infecções sexualmente transmissíveis que, quando não tratadas, podem evoluir para condições graves como câncer do colo do útero, gravidez ectópica, infertilidade, e também serem transmitidas para parceiros sexuais e até mesmo para o feto.

Mas como diferenciar, tratar e prevenir? Simples: a recomendação universal é de que você visite o médico ginecologista pelo menos 1 vez ao ano, renovando as visitas sempre que sentir necessidade ou notar alterações no funcionamento do órgão reprodutor. Além disso, os exames preventivos como papa-nicolau, testes de HIV, sífilis, gonorreia, hepatites, clamídia, herpes, entre outras também devem fazer parte da rotina de cuidados. Assim, você mantém a sua saúde íntima em dia e evita possíveis desconfortos, além de ter a chance de iniciar um tratamento precocemente caso descubra alguma condição, aumentando, assim, as chances de recuperação.



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