Estrias e celulites: por que você não deveria encanar com elas
- 12 de setembro de 2019
- 11:57
- Talitha Benjamin
As estações mais quentes do ano começam a chegar com um tempo que promete praia, piscina, muito sol e férias. Essa também é a época em que a ditadura do corpo perfeito mais interfere em como as mulheres enxergam o próprio corpo e um dos incômodos mais comuns é a estria e celulite.
As estrias são faixas avermelhadas ou brancas que aparecem na pele após a mesma sofrer um estiramento muito intenso, como, por exemplo, o crescimento da barriga ou dos seios durante a gravidez, ou um aumento de peso significativo – que causa marcas na barriga, nos braços ou nas nádegas.
Já a celulite é o acúmulo de gordura localizado na hipoderme – segunda camada de pele, logo abaixo da derme -, que dá a impressão de flacidez e de “furinhos”.
A genética também tem um grande papel na aparição de estrias e celulite, ou seja, algumas pessoas que tem uma quantidade muito maior do que outras. Ambas as condições podem acontecer com homens também, mas o peso de sua presença é, sem dúvidas, muito maior para as mulheres.
Qual é o grande problema da celulite e estrias?
Nenhuma dessas condições é considerada um problema de saúde e, sim, aspectos estéticos da pele. Mesmo assim, cosméticos, procedimentos estéticos, intervenções cirúrgicas e dietas que prometem sumir com ambos os quadros vendem muito, fazendo com que mulheres paguem pequenas fortunas para se livrar dessas “vilãs”.
O desenvolvimento corporal precoce costuma gerar bastante estrias e celulites, e o impacto psicológico do aparecimento dessas marcas é profundo em meninas de pouca idade.
Gabriela Ribeiro, de 22 anos, convive com as estrias e celulite desde que se entende por gente: “foi muito difícil, pois eu não as desenvolvi depois de adulta, e sim precisei conviver com elas desde criança. Na minha cabeça, eu nunca seria uma mulher bonita porque sempre tive estrias.”
Hysabella Conrado também sofreu com o aparecimento delas na fase da puberdade. “Tenho muitas estrias no quadril, na barriga e nos seios, por muitos anos não tinha coragem de usar biquíni e chorava muito, achava que era minha culpa, por eu não ter me cuidado direito e que aquilo me tornaria feia para sempre, que tinha estragado meu corpo.”
No entanto, se estamos falando de marcas naturais do corpo humano que a maioria das pessoas possuem, qual é o desespero em se livrar delas? E, se elas aparecem tanto em homens quanto em mulheres, porque a maioria dos tratamentos que prometem acabar com essas marcas são direcionadas quase que exclusivamente ao público feminino? Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) a celulite afeta cerca de 95% das mulheres após a puberdade, sendo mais comum nas de pele branca. Ou seja, é algo extremamente comum.
O padrão que não é padrão
Já não é novidade que mulheres nascem, crescem e morrem sendo pressionadas a seguirem um padrão de beleza praticamente inalcançável e que, durante busca doentia pela perfeição, acabam sacrificando muitas vontades pessoais.
Não à toa, quando, inevitavelmente, a busca pelo corpo perfeito falha, aparecem os sentimentos de insegurança e insuficiência, que são capazes de destruir a autoestima. Essa distorção na imagem pessoal pode acarretar em problemas mais graves, como distúrbios alimentares e doenças psicológicas.
Marcas, cicatrizes, sinais e outros aspectos naturais da pele não devem, de jeito nenhum, ser condenadas. Se, por muitos anos, a obrigação de seguir um padrão estético corporal inatingível fez que com que as pessoas se sentissem desconfortáveis em sua própria pele, hoje em dia mais e mais mulheres estão desconstruindo isso através de processos íntimos e individuais. Com o tempo – e muito trabalho – perdem a vergonha do próprio corpo e de seus detalhes.
Tanto Hysabella quanto Gabriela tiveram que passar por um processo longo de consciência e aceitação para que pudessem deixar de enxergar as estrias e celulites como defeitos.
Hysabella diz que passou a entender o que era um corpo de verdade. “As estrias fazem parte do que é ser humano, do crescimento de uma mulher. Me desconstruir dos padrões estéticos também foi muito importante. Hoje nem passa pela minha cabeça me restringir, deixar de vestir ou fazer algo por causa das minhas estrias.”
Gabriela cita a leitura, conhecimento e o contato com outras mulheres e homens que também tinham as marcas como responsáveis pela normalização do seu próprio corpo: “passei a enxergá-las como uma coisa normal há pouquíssimo tempo, depois de um processo muito longo. Hoje encaro-as com muita tranquilidade, me sinto muito bem para exibir meu corpo e me sentir satisfeita com ele.”
Diversos fotógrafos e marcas decidiram parar de usar a ferramenta “air brush”, um tipo de suavizador de imagens que retira “defeitos” superficiais como manchas, celulite, estrias, entre outros.
Pouco a pouco, diversas modelos, influencers, atrizes e cantoras postam fotos de seus corpos sem retoques, gerando modelos de representatividade para mulheres com corpos que não se encaixam no padrão, provando, de uma vez por todas, que mesmo com estria e celulite, não existe corpo bonito ou feio, e sim, o seu corpo.
Aproveite e conheça o movimento body positive, que estimula mulheres a amarem seus próprios corpos.