Cortar a menstruação pode fazer mal para o corpo da mulher?
- 30 de novembro de 2019
- 09:09
- Tayla Pinotti
Não importa se você tem 16 ou 36 anos, em algum momento da vida, com certeza você já pensou no quão bom seria cortar a menstruação, não é mesmo? Isso porque o ciclo menstrual vem acompanhado de alguns fatores desagradáveis como cólicas, dores de cabeça, além da tão temida tensão pré-menstrual.
De acordo com Dra. Karina Tafner, ginecologista, obstetra e médica assistente do ambulatório de reprodução assistida da Santa Casa (FCMSCSP), diversos métodos contraceptivos eficazes já estão à disposição das mulheres.
São eles: pilulas hormonais combinadas contínuas, pílulas de progesterona, injeção trimestral, implante de progesterona, anel vaginal (até três anéis consecutivos podem ser usados, resultando num período de 60 dias sem menstruar) e DIU de levonorgestrel.
“É importante ressaltar que, mesmo com o uso correto do método escolhido, não podemos garantir uma taxa de 100% de amenorréia (suspensão da menstruação), e a mulher pode sofrer “spottings”, que são sangramentos irregulares que ocorrem na vigência do uso de métodos hormonais e fora do fluxo esperado no ciclo menstrual”, explica.
Isso porque a resposta do corpo de cada paciente ao método escolhido é variável e, justamente por isso, se uma mulher estiver decidida a suspender a menstruação, ela deve buscar orientação e prescrição médica, pois somente um profissional é capaz de avaliar qual método é o mais indicado para ela.
Além disso, a ginecologista comenta que qualquer mulher pode cortar a menstruação, desde que não haja nenhuma contraindicação ao método prescrito.
Parar a menstruação pode fazer mal para o corpo da mulher?
Segundo Karina, não há malefício algum, descrito até o momento, em suspender a menstruação, desde que isso ocorra por opção da paciente e não por alguma patologia. No entanto, ressalta: “ainda não conhecemos os efeitos para a saúde a longo prazo”.
Ela ainda ressalta que suspender a menstruação pode, inclusive, trazer benefícios para a mulher e seu corpo, como suspensão da TPM, suspensão das cólica e proteção contra a gestação. Além disso, mulheres com fluxo intenso, que levam à anemia, fazem um tratamento da doença consequente.
“Pacientes com miomas subserosos ou intramurais também são beneficiados, já que costumam ter um aumento do fluxo menstrual e de sua duração, assim como cólicas mais intensas. Pacientes com endometriose, doença que pode aumentar a intensidade das cólicas menstruais e levar a dores pélvicas crônicas, também tem muito benefícios na melhora da qualidade de vida com a suspensão da menstruação” lembra a ginecologista.
Parar de menstruar engorda?
Não. Karina esclarece que alguns métodos contraceptivos podem levar a uma maior retenção hídrica da paciente, mas esse efeito é inerente ao método em si, não variando com o fato de haver ou não a menstruação com seu uso.
Interromper a menstruação causa infertilidade?
Não. Os anticoncepcionais hormonais atuam impedindo a ovulação, mas esse efeito é reversível com a suspensão do medicamento. O período para restauração dos ciclos ovulatórios varia de acordo com o tempo de ação de cada contraceptivo, que pode chegar a até 18 meses, no caso da injeção trimestral.
E tem como parar a menstruação que já desceu?
Dra. Karina afirma que não há como realizar a suspensão imediata do fluxo menstrual depois que ele já se iniciou. Isso porque a menstruação é o fluxo de sangue provocado pela descamação das paredes uterinas (endométrio) quando não ocorre a gestação.
Ela acontece quando há diminuição da produção hormonal pelos ovários (ao redor do 25 dia do ciclo) e útero não consegue manter a estabilidade do endométrio, já espessado e com muitos vasos sanguíneos, e então ele descama.
“Essa descamação, que dura de três a sete dias, é composta por células do endométrio, sangue e uma mistura de outras substâncias e tecidos, como secreções vaginais e do colo do útero, por exemplo. O início do uso de pílulas hormonais, nesse momento, pode diminuir o fluxo ou a duração da menstruação já iniciada, mas não irá suspendê-la imediatamente”.
Algumas técnicas naturais, no entanto, como consumir gelatina, vinagre de maçã ou os chás de camomila, maracujá, framboesa ou de folhas de urtiga são utilizadas há anos e muitas mulheres garantem que elas são eficazes, apesar de não serem imediatas.