Você sabe o que é colorismo?
- 3 de junho de 2021
- 10:35
- Luana Queiroz
Nos debates e notícias sobre questões raciais é muito provável que você tenha esbarrado com o termo colorismo. Ainda um tema pouco difundido, mas com grande importância para entender as nuances do impacto do racismo na população negra, o colorismo tem ganhado cada vez mais destaque.
Expressão que surgiu em 1982 no livro “If the Present Looks Like the Past, What Does the Future Look Like?”, traduzido em português para “Se o presente se parece com o passado, como será o futuro?”, da escritora Alice Walker, o colorismo é utilizado para diferenciar as diversas tonalidades da pele negra e como, dependendo do tom, há uma maior ou menor inclusão na sociedade.
Se você nunca ouviu falar sobre colorismo e como ele é determinante para a vida de boa parte da população brasileira, chegou o momento de conhecer.
O que é o colorismo?
Diferente do conceito de racismo que se baseia em uma discriminação em determinada raça, o colorismo (também conhecido como pigmentocracia) se orienta na discriminação pela pigmentação da pele.
Entretanto, no Brasil, o colorismo não se dá apenas pela cor da pele, mas também por outros aspectos físicos, como cabelo crespo, nariz largo e tantos outros traços negróides comum às pessoas de descendência africana.
E é justamente nesses traços que a “escala” do colorismo se pauta: quanto mais a pessoa tiver, mais exclusão e discriminação social ela vai sofrer. Ou seja, quanto mais escuro for o tom de pele, quanto mais crespo for o cabelo haverá menos acesso à oportunidades e o tratamento que essa pessoa receberá das demais será diferente.
E para entender um pouco melhor esse conceito, nada melhor do que ouvir de quem sabe do assunto. Assista ao vídeo da embaixadora Salon Line Ana Paula Xongani:
Como o colorismo funciona na prática?
Como uma ramificação do racismo, o colorismo exemplifica uma “escala” de tons, do mais claro ao mais escuro. Os indivíduos mais próximos do claro, ou seja, do branco, tem uma maior aceitação na sociedade, podendo transitar entre espaços com menor impacto da discriminação; já aqueles que estão perto dos tons escuros sofrem maior exclusão, até impedimento de acesso a certos lugares, serviços e, consequentemente, a oportunidades.
Em um país miscigenado como o Brasil (que teve uma “política de embranquecimento” no século XX no intuito de embranquecer a população para criar um país “avançado”), há uma enorme variedade de tons e características físicas, fazendo com que haja diferenciação quanto ao racismo dentro dessa diversidade.
Mesmo que as pessoas negras de pele clara possam, em muitos casos, sofrer menos preconceito, não quer dizer que elas não sejam impactadas pelo racismo. A discriminação pode ser menor, pois em alguns espaços elas são “lidas” como brancas, mas elas não são – e essa identificação acontece em algum momento.
Colorismo x Racismo
Assim como funcionam as iniciativas de combate ao racismo, para compreender e dizimar os níveis de preconceito que pessoas da mesma raça sofrem de acordo com a tonalidade da pele é preciso ações antirracistas que valorizem e resgatem a história e cultura afro-brasileira.
O colorismo não pode ser visto como uma hierarquização e divisão dentro da comunidade negra, afinal, para os de pele mais clara, ser tolerado não quer dizer ser aceito – mesmo que haja vantagens diante dos negros de pele retinta, o preconceito virá de outras formas.
Compreenda o conceito de colorismo como uma ramificação do racismo e que precisa ser combatido com a mesma intensidade.