Adultização infantil das meninas: o que é e por que evitar?

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 Adultização infantil das meninas: o que é e por que evitar

É comum ouvir comentários sobre como as crianças crescem muito rápido e, que se você piscar, pode perder este momento, que é considerado o melhor do desenvolvimento humano. Afinal, é emocionante poder acompanhar as primeiras experiências dos pequenos. O problema é que, principalmente no caso das meninas, este crescimento acontece em uma velocidade alarmante, geralmente impulsionado pelos adultos à sua volta, e que pode ser prejudicial: estamos falando da adultização infantil, um fenômeno cada vez mais comum na vida das meninas e presente cada vez mais cedo. 

Na mídia, são cada vez mais frequentes os exemplos de atrizes adolescentes que já se vestem e se apresentam com vestimentas adultas, adotando inclusive uma estética bastante sensualizada, imersas em uma rotina de trabalhos similar a de um adulto. Mas como acontece esse processo? Conversamos com Elaine Maia da Rocha, pedagoga especialista em Educação Infantil, para explicar quais são os seus riscos e, principalmente, como evitar a adultização e a erotização das meninas.

Respeitar o brincar: como começa o processo de adultização infantil, e quais são os riscos?

Um conceito que já é bem conhecido pela maioria das pessoas, é a ordem certa da vida de um ser vivo: nós nascemos, crescemos e morremos. O desenvolvimento faz parte de todos esses momentos, mas é especialmente importante nos primeiros meses e anos de vida. “A adultização é nada mais do que pular fases essenciais da infância. No caso das meninas, é quando os adultos ao redor atribuem elas atitudes, responsabilidades e falas que as removem deste lugar de criança”, explica Elaine. Para dar alguns exemplos, a pedagoga cita falas como “fecha as pernas”, ou “aja como uma mocinha”, dar tarefas domésticas, como limpar a casa ou cuidar dos irmãos mais novos.

Ainda de acordo com a pedagoga, qualquer atitude que remova a ludicidade – ou seja, o ato de brincar – do dia a dia das crianças, exposição à conceitos como violência, sexo, nudez e drogas, sem o devido filtro lúdico e apropriado para a idade, pode ser considerada como uma adultização. No caso das meninas, quase sempre, a adultização tem a ver com o papel que ela vai desempenhar socialmente enquanto mulher: a atribuição precoce à responsabilidades domésticas e ao trabalho, à exposição indevida ao sexo e a violência, na maioria das vezes causadas pelos próprios pais, parentes e responsáveis, pode acarretar em diversos danos psicológicos, emocionais, físicos e sociais para a criança, deixando-a ainda mais vulnerável: “O baixo desenvolvimento escolar, a gravidez na adolescência, a sexualidade precoce, tudo isso pode ser considerado como consequência da adultização.”

Como evitar a adultização infantil das meninas?

De acordo com a pedagoga, a adultização é evitada quando existe uma genuína preocupação da sociedade, dos adultos (incluindo pais, parentes e amigos) e da escola em respeitar as fases da infância: “Criança é criança, precisa brincar e, assim, se desenvolver e aprender sobre o mundo através das lentes apropriadas para a sua idade”, recomenda Elaine. 

A pedagoga ainda chama a atenção para a necessidade da priorização da escola, e da participação dos pais na educação e formação dos filhos: “No Brasil, ainda não existe uma cultura que prioriza a educação infantil, o que é uma pena, pois essa fase é essencial para desenvolver o convívio social e como a criança encara o mundo à sua volta. É um esforço que precisa ser conjunto, e envolve toda a sociedade”, finaliza.



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