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Libido baixa: e quando o tesão se faz ausente?
- 30 de junho de 2023
- 15:22
Quando falamos sobre prazer feminino, falamos também sobre os tabus que envolvem a sexualidade e a desigualdade de gênero que impedem as mulheres de viverem sua liberdade sexual – abordar o assunto vai muito além de transar quando, com quem, e como quiser. É necessário também falar sobre a falta de sexo, ou mais especificamente, a libido baixa.
A libido baixa acontece quando o tesão se faz ausente, e a vontade de engajar em relações sexuais diminui ou deixa de existir. Ao contrário do que se imagina, essa situação é mais comum do que se pensa, principalmente para as mulheres, e não acontece só no período da menopausa. Um levantamento feito em 2013 pelo Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, mostrou que a falta de libido representa o maior número de queixas registradas no Ambulatório de Sexualidade, do setor da Ginecologia. O resultado é similar aos números de uma pesquisa feita pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em parceria com o Centro de Referência e Especialização em Sexologia do hospital Pérola Byington, que mostra que a falta de desejo sexual afeta 48,5% das mulheres que buscam atendimento na unidade.
A falta de tesão representa um problema para as mulheres que, além de não conseguirem ter experiências sexuais prazerosas, também encaram outros problemas com dores na relação sexual e a ausência do orgasmo. Conforme a ginecologista Letícia Suzano Lelis Bellusci, a falta de libido pode comprometer a qualidade de vida da mulher, causando sofrimento e até mesmo dificuldades para se relacionar com possíveis parceiros. Por isso, hoje, vamos falar mais sobre a libido baixa, e o que você pode fazer se estiver passando por essa situação.
O que pode causar a libido baixa?
Diversos fatores podem interferir na libido e afeta o desejo sexual, incluindo razões físicas e emocionais. Alterações hormonais, condições médicas, medicamentos, estresse e fadiga, e até mesmo problemas de relacionamento podem impedir que você se sinta disposta a se engajar em atividades sexuais.
Outro ponto que torna essa situação ainda mais dramática para as mulheres parte da própria condição de gênero: imagem corporal negativa, baixa autoestima e experiências traumáticas, como a de um abuso sexual ou outro tipo de violência, também são razões comuns que impedem que as mulheres possam ter bem-estar sexual. Em ambos os estudos citados nessa matéria, os pesquisadores identificaram que a maioria dos problemas de libido baixa tem como principais causa aspectos psicológicos, emocionais e socioculturais.
E porque é tão difícil falar sobre a libido baixa entre as mulheres?
Falar sobre a sexualidade feminina sempre foi um desafio. Felizmente, isso vem mudando, e cada vez mais mulheres têm buscado desconstruir ideais retrógrados sobre o próprio corpo e sobre sua própria liberdade sexual. No entanto, para grande parte da população, o papel da mulher na relação sexual é de passividade e submissão ao homem, e por isso, seu desejo sexual não é a prioridade, e pode até ser visto como inadequado.
Em relacionamentos estabelecidos, por exemplo, existe um discurso de que a satisfação sexual do marido é responsabilidade da mulher – que deve atender as necessidades do parceiro para evitar uma possível traição. Isso cria uma cultura em que o prazer, e a própria autonomia sobre o corpo da mulher, se torna algo secundário ou até mesmo totalmente irrelevante para a vida íntima do casal.
Além disso, mulheres solteiras também precisam lidar com julgamentos sobre a sua vida sexual: se são promíscuas demais, ou muito puritanas, além da pressão social para casar e ter filhos. Existe também uma lacuna gigantesca na própria sociedade em discutir a vida sexual feminina, já que por muitos anos, o estudo sobre sexualidade humana foi sempre focado no corpo masculino.
Tanto para as mulheres com parceiro fixo ou solteiras, as cobranças, estigmas e julgamentos causam sintomas de vergonha, culpa e inadequação, o que por sua vez, corta a vontade de viver a sexualidade em sua plenitude. O resultado, são mulheres que se sentem pouco à vontade para pensar, refletir e discutir seus corpos, seus desejos ou fantasias, e até mesmo a ausência deles, com outras pessoas, criando assim, isolamento e sofrimento.
Como lidar com a libido baixa?
É fundamental quebrar as diversas barreiras que impedem que as mulheres encarem sua própria sexualidade como algo problemático. Sua vida sexual não pode, de jeito nenhum, ser gatilhos para sofrimentos e sentimentos de inadequação. Por isso, para tratar a libido baixa, é preciso fazer uma reflexão de dentro para fora, para depois investigar o problema, e então, buscar soluções. Vamos juntas?
Autoconhecimento, autoaceitação e empatia
É importante saber que a libido baixa não é nada incomum, e não é sinônimo de que existe algo errado ou inadequado com você, e muito menos com o seu corpo. Cada pessoa experimenta o desejo sexual de formas diferentes, e variações na libido são normais e, de tempos em tempos, é preciso parar e repensar sua relação com sexo.
E ah, na hora de repensar, é importante deixar de lado os padrões, as expectativas e os julgamentos morais da sociedade. É a hora da aceitação, onde a gente precisa se olhar com carinho e, acima de tudo, explorar a si mesmo. Descubra o que te proporciona prazer, o que te dá tesão, e reconecte-se com a sua sexualidade.
É importante também, que nesse momento de autoconhecimento, haja uma reflexão sobre aspectos emocionais que podem estar afetando a sua libido. Como anda o estresse, a ansiedade, os conflitos no relacionamento e a sua autoestima? Em geral, essas são as principais causas que podem resultar no esfriamento da vida sexual.
Comunique-se!
Se você possui um parceiro fixo, a libido baixa pode ser um assunto que você nem pensa em abordar. No entanto, a conversa franca e aberta com o parceiro sobre a sua libido é fundamental para que, juntos, vocês possam estabelecer uma relação de confiança, segurança, e é claro, pensar em soluções. Ah, é importante lembrar que mesmo em uma relação estabelecida, o consentimento é indispensável, e o “não” é “não”!
Busque ajuda profissional
A falta de desejo sexual também é uma questão de saúde física e mental. Por isso, é importante que você comunique suas preocupações para seu ginecologista, e juntos, investiguem as causas e pensem em alternativas para aumentar a sua libido. Além disso, considerando que a maior parte dos problemas de disfunção sexual partem de aspectos emocionais e socioculturais, o acompanhamento psicoterápico também é fundamental para entender melhor a sua intimidade e a sua relação com a própria sexualidade.
Ter a libido baixa não é comum, mas essa situação também não precisa ser ignorada ou negligenciada.