Entenda o momento certo para falar sobre militância

  •  Icone Calendario20 de agosto de 2019
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  • Talitha Benjamin
 Militância

Com as discussões sobre direitos humanos, LGBTQ+, feminismo e relações raciais cada vez mais fortes, é comum que o tempo todo sejam feitas as famosas “problematizações”.

No Brasil, questões problemáticas sempre estão em pauta e a necessidade de discutir temas delicados como racismo ou violência de gênero podem aparecer a qualquer momento. No entanto, a grande questão é: existe um momento certo para propor essas discussões? Se sim, quais são eles?

Para entender quais são os melhores momentos para iniciar discussões sobre a militância política, respeitando o tempo e o espaço de outras pessoas, trouxemos algumas reflexões que vão te ajudar a abordar o tema de forma não invasiva e desrespeitosa. Confira!

A militância não é um hobby

Precisamos entender que problemas sociais são assuntos sérios e, por isso, precisam ser tratados como tal. Por exemplo: para uma pessoa negra, discutir sobre racismo implica falar sobre um sistema de opressão estrutural, ou seja, falar sobre um sistema que violenta, diminui e traumatiza a pessoa negra.

Da mesma forma, conversar sobre homofobia com uma pessoa LGBTQ+ irá reviver traumas e pode tocar em feridas que ainda não se curaram totalmente. Isso não significa que é proibido falar sobre esses temas, e sim que eles precisam ser tratados com a delicadeza necessária e em momentos apropriados.

Nem todo ambiente é propício para abordar certas discussões

Como dito anteriormente, problemas sociais são assuntos sérios que, na maior parte das vezes, entristecem e desanimam. Existe uma noção totalmente equivocada de que militantes e ativistas estão o tempo todo dispostos a falar sobre mazelas sociais, e que, inclusive, esses são o “assunto preferido” deles.

No entanto, é importante lembrar que militantes também são seres humanos com múltiplos interesses e que nem todos ambientes são apropriados para esse tipo de discussão – como por exemplo, mesa de bar, festas e baladas.

A dica, para quem está interessado em falar sobre assuntos de militância , é procurar por locais específicos que abordem esses temas. Atualmente, é possível encontrar diversos espaços onde essas discussões acontecem, rodas de conversa, palestras, debates, e etc. Respeitar o momento de descontração e lazer de todos é fundamental.

Militantes não são o seu Google particular

Antes de levar uma dúvida para um amigo militante e cobrar uma explicação detalhada sobre, pesquise por conta própria. Há uma predisposição em consultar outros militantes para explicar algum assunto para entendê-lo melhor, quando a explicação seria facilmente obtida com 5 minutos de pesquisa. Isso é comum acontecer com militantes negros, que são abordados com frequência por pessoas brancas para explicar conceitos simples sobre racismo. Militantes não têm obrigação de saberem tudo.

Em um país tão desigual e conservador como o Brasil, é ótimo que as discussões subversivas sejam cada vez mais frequentes, mas, acima de tudo, é preciso respeitar o espaço e tempo de outros ativistas – já que estamos falando de outros seres humanos -, e além disso, respeitar a seriedade da militância.



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