Conheça o movimento body positive e aprenda como amar o seu corpo
- 28 de março de 2019
- 10:44
- Tayla Pinotti
Imagina só que incrível viver em uma sociedade onde mulheres amam seus corpos, não se importam com a opinião alheia e tem amor-próprio de sobra? Se depender do movimento body positive, esse ideal pode ser conquistado.
Traduzido para o português, o termo body positive quer dizer “imagem corporal positiva”, o que, na prática, quer dizer olhar para próprio corpo com amor, de forma leve e positiva, independente da forma como ele é.
Em uma sociedade que ainda associa o valor do ser humano à beleza física, ainda é muito raro encontrar mulheres que realmente aceitam e amam a própria imagem.
Uma pesquisa do Instituto Sophia Mind mostrou que cerca de 54% das mulheres estão insatisfeitas com alguma parte do seu corpo. Em uma rodinha de amigos, você percebe que esse dado é bastante real e que poucas amigas não tem alguma reclamação.
É justamente por isso que aceitar-se completamente pode parecer uma utopia. Mas, acredite: não é! É claro que não é fácil também e, na maioria dos casos, o processo de aceitação é longo.
A médica e youtuber Monalisa Nunes, que hoje se define “feliz como nunca esteve antes”, lembra que teve muitos momentos de melhora na sua autoestima, mas, algumas vezes, tinha recaídas e se sentia ainda pior. “Foi um longo aprendizado até me tornar quem sou hoje”, reforça.
Monalisa conta que, desde pequena, teve problemas com a própria imagem, já que sofria com comentários maldosos sobre o seu peso desde a infância. Aos 15 anos, começou a fazer dietas restritivas e perdeu peso, no entanto, o que ela achou que traria felicidade, ainda não foi suficiente para se aceitar.
“Eu percebi que não adianta fazer uma mudança no seu corpo se, antes, você não mudar a sua mente. Enquanto você não se amar do jeito que você é, não vai reagir bem à nenhuma mudança externa e nem vai se adaptar, porque, na verdade, você não se aceita”, comenta.
A frase dita por Monalisa vai de encontro ao relato de Thiessa Woinbackk, uma mulher transgênero de 28 anos que passou pela cirurgia de redesignação sexual em 2014 e relata: “Não foram seios grandes, maquiagens ou a cirurgia que me fizeram mais mulher. O que fez eu me aceitar de verdade foi a minha essência”.
Além dos problemas que enfrentou por causa do seu peso, Thiessa também teve que lidar com o fato de estar em um corpo com o qual não se identificava. Quando adolescente, sabia que não se identificava com os meninos e passava mais tempo com as meninas.
Foi apenas ao ingressar na faculdade que a atriz e youtuber começou a se questionar fortemente sobre seu corpo, que, segundo ela, não o representava. Thiessa lembra que começou a usar roupas curtas e desejar um corpo com curvas e sem pelos.
Depois de procurar um médico para realizar tratamento hormonal e ter uma experiência frustrada com uma profissional que a julgou pelo seu desejo de tomar hormônios, Thiessa descobriu um ambulatório especializado em pessoas trans e foi então que deu início ao tratamento.
“Quando eu vi meu corpo se modificando da forma como gostaria, eu comecei a ficar mais tranquila e parei de me torturar psicologicamente. As duas coisas foram acontecendo simultaneamente”, lembra.
Thiessa enfrentou problemas com a reprovação da família que, de acordo com ela, não respeitava sua identidade e, apesar disso continuou forte e agora afirma: “Não foi um período fácil, mas tudo passa. Hoje estou satisfeita, feliz com meu corpo e com tudo ao meu redor”.
Assim como nos dois relatos acima, muitas mulheres passaram por um processo longo de aceitação até se libertarem dos padrões impostos pela sociedade.
No caso da Mona, a questão trabalhada internamente foi o peso e, no caso de Thiessa, foi sua identidade sexual. Mas é importante lembrar que cada mulher tem suas questões, que podem ser ser desde um pequeno incômodo com alguma parte do corpo, até grandes marcas traumáticas, como no caso das cicatrizes.
Como amar o seu próprio corpo
Além de ser fundamental trabalhar a sua mente e se aceitar primeiramente por dentro do que por fora, outros passos podem ajudar a olhar positivamente para o seu corpo e aderir ao movimento body positive. São eles:
1) Parar de se comparar à outras pessoas
“Queria ter o corpo de fulana”, “queria que meu cabelo fosse igual ao da ciclana”, “beltrana é muito mais bonita que eu”… Apenas pare com esses pensamentos! Uma das piores coisas que você pode fazer é ficar se comparando às outras pessoas. Você e seu corpo são únicos e carregam uma história. Além disso, cada pessoa nasce com uma anatomia, então o melhor a se fazer é aceitar a sua e fazer dela o melhor que você conseguir.
2) Dar unfollow naqueles perfis que não te fazem bem
Provavelmente na lista de pessoas que você segue no Instagram deve haver algumas blogueiras com corpos extremamente magros e malhados, certo? Por mais legal que possa parecer acompanhar a vida dessas pessoas, estar sempre se deparando com uma “vida perfeita” no seu feed não é nada saudável. Em muitos casos, ao invés de motivar, isso só vai gerar em você um sentimento de frustração por não ter a vida e o corpo incríveis da “musa” x ou y.
3) Se afastar de pessoas tóxicas
Infelizmente todo mundo está sujeito a estar rodeado de pessoas tóxicas. Sabe aquele (a) amigo (a), colega ou namorado (a) que só coloca você para baixo, que aponta seus defeitos sem o menor tato e que não apoia em nada? Então, se você conhece alguém assim, não hesite em se afastar para o seu próprio bem, pois, somente assim você poderá enxergar todo o seu potencial e elevar a sua autoestima.
4) Procurar ajuda psicológica
Se você sente que não consegue se libertar das paranóias da sua cabeça e que, mesmo com muito esforço, enxergar a sua imagem de forma positiva parece impossível, talvez seja a hora de procurar ajuda. Uma boa psicóloga poderá auxiliar com isso, fazendo você abrir seus olhos para o que há de belo em você e contribuindo para o conceito body positive.